9 de maio de 2011

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Hoje decidi abaixar o volume do meu poeta. Xiu, sossega um pouco, sem fazer beicinho. Seja um bom menino, deita um tiquinho e me deixa sentir o vento na cara, a brisa no peito.

Resolvi dar de difícil e resisti ao charme da tristeza. Empinei o nariz e passei batido pelos versos de aperto que acenavam, convidativos, para mim. Tapei os ouvidos do coração feito criança quando as melodias vieram, chorosas e sedutoras como só elas. Hoje tirei os sapatos e fui dar uma volta descalça no gramado da liberdade.

Não, não há fato, argumento, ou 1 + 1 = 2 por trás disso. Nada específico, nada racional, nada de plano, nada de nada: só tudo de mim. A vida na voltagem máxima, com contraste, brilho e controle de vermelho desregulados, fazendo tudo parecer mais orgânico. É mesmo ela, e é bonita e é bonita.

Hoje, o ar entra e cumprimenta cada molécula dessa imensidão pequena que vos fala, deslumbrada. Hoje, recebi em cada bochecha um beijo gostoso do sol que não saiu. Hoje, a lua me fez uma serenata de violão, vagalume, verão e flor de laranjeira. Hoje, bem hoje, não podia esperar até amanhã, soltei a algema da vergonha e brinquei feito criança, gritei até perder o fôlego, saltei de paraquedas, plantei uma árvore, distribuí sorriso, dancei bolero, andei sem rumo, usei roupa velha. Hoje, decidi viver sem freio de mão ainda que no meu silêncio, que também é parte da respiração do mundo.

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